5 de fev. de 2013

Imprint - Takashi Miike - Masters Of Horror



Se fosse usar um adjetivo para este filme, seria estranhíssimo. Não no sentido de um estranho que me agrade; mas, no mínimo, de um estranho inquietante.


De maneira resumida e tentando não dar spoiler, neste filme temos a história de um jornalista americano, Christopher [interpretado por Billy Drago] que está a procura do seu grande amor, uma prostituta chamada Komomo, a quem prometeu, no passado, voltar para buscar.






A película tem início em um cenário bem sombrio, quando em um lago obscuro e misterioso, os viajantes da pequena embarcação encontra um corpo de mulher flutuando, o deboche e a indiferença perante a morta, que parece estar grávida, já é um indicio do que virá pela frente.

Quando chegam a uma ilha, em verdade, um bordel, onde prostitutas diversas aguardam os visitantes, o protagonista se revela. Ao não encontrar a mulher que procura, é obrigado a passar a noite ali, e para isso, escolhe a única das moças que não se oferece para isso. Essa jovem prostituta [ Yukie Kudoh ] de várias formas surpreendente, é quem irá garantir as diferentes narrativas que perpassam o filme.


"Esta ilha não está no mundo humano. Demônios e prostitutas são os únicos que vivem aqui. "





Essas narrativas que surgem durante essa longa noite vão revelar diversas possibilidades para o que, de fato, aconteceu com Komomo e indiretamente, a essência da maldade humana em várias versões. Ao utilizar o recurso dos flashbacks, revela-se uma estratégia muito bem utilizado pela personagem para, ao cativar a atenção de Christopher com a promessa de contar o que aconteceu com Komomo, aproveita para contar a sua própria história. O que é memória ou o que é invenção, nessas bifurcadas narrativas, cabe ao telespectador decidir. Mas não são apenas inocentes memórias e sim, cenas sangrentas, cruéis e chocantes. Pena e repulsa são sentimentos comuns frente ao filme.

Aliás, gore e tortura são a tônica do filme, assim como temas como incesto, estupro, aborto, assassinato, etc. Agulhas, cordas, unhas, vermelho são apenas algumas das combinações que as cenas mostram. 





Todavia, não foi isso o que mais me chamou atenção, e sim, como já comentei, a maldade presente no ser humano. Ah, e como é característico em alguns filmes do gênero "exploitation " há a violência contra a mulher, e nesse caso, muitas vezes provocada por outras mulheres. Este não é o primeiro dos filmes do gênero que vejo, mas a misoginia presente me incomodou bem mais que outros. 

O filme é bem escuro e sombrio em grande parte do tempo, e numa jogada que achei bem interessante, enche-se de cores e luzes nas cenas mais gore. Principalmente vermelho. Essa exploração do sofrimento feminino é bem contrastante com as cenas escuras onde a narradora conta os fatos e os pesadelos e a realidade tomam conta do protagonista. A crueldade com que o passado se revela vai se mesclando a eventos que podem ou não ser sobrenaturais.


Muitas pessoas poderiam considerar uma obra de arte justamente pela estranheza. Defensores do filme alegam que é justamente a tortura que humaniza a personagem, ao revelar seus sentimentos, ao contrário de torná-las "objetos", como é comum no gênero. Mas algumas das atuações são exageradas; o enredo em si é fraco, apesar de ganhar pontos pela atmosfera esquisita e fotografia bem explorada, não convence. 


Fiquei com a impressão de que toda essa história foi um terrível pesadelo, ou uma tela bem surreal. Mas com excesso de tinta aqui, e falta de alguns traços ali, se me permitem a fraca comparação.


**

A série Masters Of Horror têm duas temporadas e os filmes são de uma hora, independentes e baseados em clássicos do horror. Ah, cada um filmado por um diretor diferente, o que garante muita variedade.



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